O Radiohead se apresentou ao vivo na terceira edição do Tibetan Freedom Concert, no RFK Stadium, em Washington DC, no dia 14 de junho de 1998. Michael Stite do R.E.M. fez uma brilhante participação em "Lucky", fazendo os vocais na canção. A curta e emocionante apresentação com oito dos maiores clássicos dos primeiros anos do Radiohead durou por volta de 43 minutos de puro arrepio.
SETLIST: 1. Airbag 2. Talk Show Host 3. Karma Police 4. Fake Plastic Trees 5. Lucky [feat. Michael Stipe] 6. Paranoid Android 7. Creep 8. Street Spirit (Fade Out) BONUS TRACK: 9. E-Bow the Letter [R.E.M. ft. Thom Yorke]
Showzaço do Radiohead no Saitama Super Arena, em Saitama, Japão, no dia 5 de outubro de 2008. Esta apresentação foi lançada em DVD não oficial e circula livremente na web sem nenhuma reclamação da banda.
Setlist:
01. 15 Step 02. Just 03. There There 04. All I Need 05. Weird Fishes / Arpeggi 06. The Gloaming 07. Optimistic 08. Jigsaw Falling Into Place 09. Idioteque 10. Fake Plastic Tree 11. Bodysnatchers 12. Videotape 13. Paranoid Android 14. Reckoner 15. Everything in It's Right Place 16. My Iron Lung 17. How to Disappear Completely
Radiohead à época das primeiras apresentações para a promoção do lançamento de In Rainbows ao vivo para o programa Live From The Basement da VH1 no Maida Vale Studios em Londres, UK, no dia 5 de abril de 2008, há um ano atrás. Imperdível!
1. Bodysnatchers 2. Nude 3. Myxomatosis 4. Weird Fishes/Arpeggi 5. House of Cards 6. 15 Steps 7. Optimistic 8. Reckoner 9. Where I End and You Begin
O Radiohead ao vivo em São Paulo no dia 22 de março de 2009. Momento celestial, divino, sagrado. Finalmente na rede. As 14 faixas com o áudio do MultiShow estão impecáveis, as demais com áudio totalmente amador, gravadas do meio da platéia, mas igualmente emocionantes. INDISPENSÁVEL!!!
Radiohead Chácara do Jóquei, São Paulo, Brasil 22, Março, 2009
Set List: 1. “15 Step” 2. “There There” 3. “The National Anthem” 4. “All I Need” 5. “Pyramid Song” 6. “Karma Police” 7. “Nude” 8. “Weird Fishes/Arpeggi” 9. “The Gloaming” 10. “Talk Show Host” 11. “Optimistic” 12. “Faust Arp” 13. “Jigsaw Falling Into Place” 14. "Idioteque" 15. “Climbing Up The Walls” 16. “Exit Music (For A Film)” 17. “Bodysnatchers” Bis 1: 18. “Videotape” 19. “Paranoid Android” 20. “Fake Plastic Trees” 21. “Lucky” 22. “Reckoner” Bis 2: 23. “House Of Cards” 24. “You And Whose Army?” 25. “True Love Waits”/“Everything Is In The Right Place” Bis 3: 26. “Creep”
“This is really happening” Radiohead domina corações e mentes e incita nova era de shows no Brasil [Por Alexandre Matias do Trabalho Sujo]
Tanto no Rio quanto em São Paulo, foi em “Idioteque” que bateu. Por mais que já tivessem hipnotizado o público em “There There”, o cortejado de perto com “Karma Police” e “All I Need” e lhe arrebatado em “The National Anthem” e “Jigsaw Falling Into Place”, o Radiohead tornava-se real no terço final da primeira parte dos shows, quando, pela primeira vez em ambos shows, soltava nossos corações ou mentes, deixando-os finalmente livres para dançar. Os tubos acima do palco eram iluminados com pouca luz, com tonalidades entre o roxo e o azul escuro, o suficiente para dar o ar de pista de dança que a música de Kid A exigia. Os blips do início drenavam toda a ênfase de show de rock que vinha até ali – saía o piano, saía a dinâmica entre as guitarras, violão e teclados que dava a tônica da apresentação e a força do som era reduzida ao diálogo entre a ruídos eletrônicos disparados pelo guitarrista Jonny Greenwood e a bateria metronômica de Phil Selway. Ao lado do baterista, o baixista Colin Greenwood iniciava a seqüência de acordes gelados no teclado que identificavam a canção para as multidões, que saudaram o reconhecimento com o mesmo urro com que havia recebido os hits anteriores. Mas a ausência do miolo instrumental clássico da banda, reduzindo as canções a beats, ritmo e frios acordes de teclados (traçando aí o paralelo genético com o Kraftwerk que abriu os shows) enfatizou a presença solene de um público embasbacado. Ed O’Brien, ainda com seu instrumento em punho, preferiu grunhidos elétricos do que os solos e acordes clássicos que caracterizavam sua participação, enquanto Thom Yorke entregava seu vocal ao delírio robô dançado pela platéia.
“Isso está realmente acontecendo”, soltava-se Thom, baixinho, braços movendo-se para o lado entre saltos e olhos fechados, dança reprisada pelo público, balançando-se sem acreditar. Estava realmente acontecendo – o Radiohead estava finalmente fazendo um show no Brasil, doze anos depois de OK Computer, dois anos depois de In Rainbows, reprisando o disco mais importante da década na íntegra, enquanto repassava as principais faixas de um dos discos mais importantes da década anterior e costurava o resto do show com faixas tiradas dos três álbuns lançados entre estes e dois hits sacados de seus dois primeiros discos. Mas independentemente das músicas que foram escolhidas, eis um paradigma vencido. A vinda do Radiohead talvez tenha encerrada uma adolescência do Brasil em relação a shows, sejam internacionais ou brasileiros, iniciada com o primeiro Rock in Rio – mas depois eu falo mais disso.
O Radiohead é uma banda cujo carisma e apelo popular não está em gestos ou na comunicação com o público – e sim através das canções e na forma como estas foram dispostas nos shows. Sua apresentação não conta com um vocalista populista e sorridente, que veste a camisa da seleção brasileira e tenta balbuciar agrados em português. Seus dois heróis da guitarra são pouco usuais – embora Ed O’Brien esteja mais próximo do que se espera de um guitarrista clássico, ele sabe que seu papel é coadjuvante (é o principal cavaleiro de Sir Yorke, seu Lancelot) e secundário, enquanto o verdadeiro guitar hero da banda, Jonny, seja um magrelo tão chegado aos beats eletrônicos e efeitos de dub do que aos solos de guitarra. A cozinha formada por Colin e Phil é avessa aos holofotes e prefere olhar-se nos olhos em vez de encarar o resto da banda. Thom Yorke, por sua vez, seduz o público apenas com sua voz.
E que voz. Mais do que o palco aceso e colorido, a voz de Thom Yorke é o principal elemento no show da banda. Não é ela quem determina o tom das canções – este quase sempre é definido pelo conjunto musical, quase sempre em discussões entre os instrumentos de Colin, Phil e Jonny – mas é o vocal quem o dissemina sobre o público. O timbre de Yorke, como os diferentes acordos instrumentais propostos pela banda, não pertence a um único território. Ele pode balbuciar como um bêbado e soar como um anjo na mesma canção (“Exit Music (for a Film)”, por exemplo), deixar sua voz atingir picos melódicos virtuosos (“Reckoner” ou o final de “All I Need”), soltar grunhidos ininteligíveis (no meio de músicas mais pesadas, como “National Anthem” ou “Bodysnatchers”) ou escárnios cínicos – em especial em “You and Whose Army?”, talvez seu momento de interação mais direta com o público, através de uma webcam posicionada em frente ao piano, deixando-o à vontade para brincar com a imagem de seus olhos tortos. Quase sem falar com o público no show do Rio, só falou com os paulistas alguns “obrigado” ditos quase sem sotaque. A única exceção veio antes de “You and…”, quando anunciou a música “para os ianques” nos dois shows e antes de entrar na segunda vez em que “Creep” foi tocada no Brasil, em São Paulo, quando perguntou se o público sabia qual era a próxima. No Rio, o diálogo ficou por conta de Ed, em português mesmo, que apresentou a banda em “Airbag” (“nós somos Radiohead”) e mandou um “bom pra caralho!” que resumiu o espírito do show depois de “Reckoner”, fechando o segundo bis na Apoteose.
Guitar hero compenetrado, Ed é instrumentista de rock clássico, herdeiro de uma genealogia de seu instrumento que inclui Eric Clapton, Jeff Beck e David Gilmour, que sabe a hora em que deve ficar no centro da canção e quando é hora de deixar outro músico brilhar. Já Jonny é o típico guitarrista pós-punk, porém destemido frente à grandiosidade – ecoa tanto a guitarra de The Edge quanto à do Public Image Ltd, do Pere Ubu e dos Talking Heads. Sabe que a eletricidade pode comunicar com ou sem a guitarra, por isso dedica-se tanto às seis cordas quanto à manipulação de ruídos em sintetizadores analógicos e pedais de efeito, jogando transmissões de rádios brasileiras para dentro de “National Anthem” e, em São Paulo, tratando-as como dub em “Climbing Up the Walls”. Completos à perfeição, ambos guitarristas ladeavam Thom Yorke como se respondessem pelas duas personalidades do cantor – às vezes mais o doutor Jeckyll (Ed), outras senhor Hyde (Jonny) – ao mesmo tempo em que agem de forma semelhante. Basta ver como se comportam em momentos distintos, longe de seus instrumentos – quando assumem a percussão em “There There” ou quando dedicam-se apenas a manipular efeitos sintéticos e a gravação com a voz de Thom em “Everything In Its Right Place”.
Eis a estrutura básica da banda – Colin e Phil agem como um mesmo instrumento, uma cozinha clássica de banda de rock inglês que evoca tanto o Led Zeppelin quanto os Smiths ou o Clash. A dupla de guitarristas conversa com o piano, a guitarra ou o violão de Thom Yorke em progressões de acordes remanescentes de clássicos ingleses dos anos 70 como Abbey Road, Dark Side of the Moon, Arthur, Phisical Grafitti, A Night at the Opera e The Lamb Lies Down on Broadway. As canções ganham aspecto épico e tratamento rebuscado que fazem muitos menosprezarem a banda como intelectualizada demais – como foram menosprezados seus antecessores. Mas o Radiohead é uma banda que, por mais que componha álbuns conceituais e acene para a música eletrônica de vanguarda, sobrevive em suas canções, na forma como eles cristalizam determinadas emoções em seqüências de acordes, refrões memoráveis, letras que traduzem sentimentos contemporâneos e a reinvenção da dinâmica instrumental do rock entre os anos 60 e 70.
E ao vivo estas faixas mostram sua força – principalmente as de seus três grandes discos, OK Computer, Kid A e In Rainbows. O repertório dos dois shows foi muito parecido e seguiu a média da turnê do ano passado. Tocaram tanto o In Rainbows na íntegra quanto as mesmas faixas de Kid A (“Idioteque”, “National Anthem”, “Everything In Its Right Place”) e do Hail to the Thief (“There There” e “The Gloaming”), além de uma única música em comum do Amnesiac (“You and Whose Army?”). Do OK Computer, só “Paranoid Android” e “Karma Police” foi tocada nos dois shows – “Airbag” e “No Surprises” só foram ouvidas no Rio, “Exit Music”, “Lucky” e “Climbing Up the Walls” apenas em São Paulo. As duas apresentações ainda contaram com faixas do segundo disco da banda (“Just” e “Street Spirit” no Rio e “Fake Plastic Trees” em São Paulo) e com o encerramento por conta de “Creep”, encerrando por vez a discussão a respeito da canção mais popular do Radiohead no Brasil. Outras sutis diferenças puderam ser sentidas – enquanto “How to Disappear Completely” só tocou no Rio, “Pyramid Song” e “Talk Show Host” só foram ouvidas em São Paulo. Mas se você acompanha o Radiohead como um todo e não é fixado em apenas um álbum, assistir a apenas um show já deu um belo panorama da carreira do grupo. Várias faixas ficaram de fora (“Wolf at the Door”, “Knives Out”, “Let Down”, “2 + 2 = 5”, “Planet Telex”, “Morning Bell”, “High and Dry”, “Electioneering”), mas quem assistiu a apenas um dos dois shows teve um belo panorama da força da banda ao vivo e de como ela coloca suas canções em primeiro plano. O público respondeu à altura: no Rio, a massa continuou “Karma Police” sozinha, cantando “for a minute there/ I lost myself/ I lost myself” mesmo depois que a banda deixou de tocar, enquanto em São Paulo o público continuou “Paranoid Android” sem a banda com seus “rain down” sendo seguidos por Thom Yorke – que quase ameaçou tocar “True Love Awaits”, mas foi levado pela força das próprias canções.
Até o cenário favorecia às músicas. Ao contrário de outros medalhões que enchem suas apresentações com efeitos especiais, fantasias, dançarinos, criaturas infláveis ou estruturas gigantescas, o Radiohead preenche o próprio palco com um efeito simples e genial. A série de tubos dispostos na vertical sobre a banda funciona como um telão projetado sobre um candelabro, uma luz refletida em código de barras, que amplificava a iluminação como as caixas aumentavam a potência sonora da banda. A cada faixa, tons fortes tomavam conta da ribalta, vinculando cores (In Rainbows, afinal de contas) a andamentos musicais – laranja, vermelho e roxo brigam nos momentos mais intensos, o azul cai sobre as baladas mais sentimentais, o amarelo anuncia climas áridos e o verde vinha nas músicas mais rápidas.
Alternando as cores com claros e escuros e as próprias imagens em telões colocados atrás e nas laterais do palco (equipamento que falhou durante as cinco primeiras músicas do show de São Paulo), a iluminação da turnê In Rainbows servia apenas para destacar as qualidades musicais da banda, usando estrobos e luzes negras para enfatizar mudanças de andamento, solos instrumentais e efeitos eletrônicos. Triste para quem não foi ao show: as gravações em vídeo quase nunca fazem jus aos tons de cores usados ao vivo.
No centro de tudo, dominando milhares de corações e mentes em pouco mais de duas horas, o Radiohead é dessas bandas que funcionam melhor quando falam às multidões. Descendentes diretos do U2 dos anos 80, eles ecoam simultaneamente a fase mais católica do grupo irlandês quanto seu período europeu do início dos anos 90 – soando quase sempre dúbio e ambíguo, entre o desespero e o conforto, o doce e o amargo, e assim conectando-se com outra importante banda em sua formação, os Smiths. O quinteto consegue fazer os dois grupos soarem próximos em canções que também remetem às carreiras solo dos Beatles, ao momento em que o Who começou a soar opulento e ao Genesis antes da saída de Peter Gabriel. O som da banda então é revestido por duas camadas diferentes de contemporaneidade ao fim do século 20 – a redescoberta do refrão proporcionada pela conjunção grunge/britpop no início dos anos 90 e à lenta diluição das diferentes facetas da música eletrônica (desde a mais séria ao seu lado mais fútil) com a música pop. Difícil imaginar que o cenário pop atual florescesse e abrisse espaço para bandas como LCD Soundsystem, TV on the Radio, Killers, The National, Bloc Party, Sigur Rós, Interpol, Modest Mouse, Árcade Fire e Franz Ferdinand não fosse a importância e o pioneirismo do Radiohead nos anos 90.
E a vinda da banda ao Brasil no início de 2009 fechou não apenas o ciclo aberto com o certa vez mítico anúncio dos shows da banda no país como talvez uma adolescência longa demais no que diz respeito a apresentações internacionais por aqui. Desde que foi cogitado pela primeira vez, logo após o lançamento de Kid A, em outubro do ano 2000, o show do Radiohead no Brasil era algo que deixava de ser um mero boato e ganhava contornos de lenda. Nesse meio tempo, vieram para o Brasil artistas que pareciam ainda mais inatingíveis que o grupo liderado por Thom Yorke, além de quase todas as bandas e novidades internacionais que apareceram neste início de século.
Se existe uma coisa de que não podemos reclamar hoje em dia, é de shows internacionais no Brasil. Quando éramos a periferia da periferia do mundo – quando “Brasil” era quase sinônimo de “Acapulco” ou “Bahamas” –, grandes nomes do showbusiness mundial só pisavam aqui de férias. Entre as visitas de Brigitte Bardot a Búzios e dos Rolling Stones ao interior de São Paulo nos anos 60, o Brasil recebeu visitas esporádicas de grandes artistas que quase nunca vinham fazer shows, apenas espairecer ao sol tropical de nossas bucólicas e desertas praias do passado. Quando vinham fazer shows, artistas como Kiss, Alice Cooper, Police e Queen causaram comoção no inconsciente coletivo na década de 70 e início dos anos 80 – pode parecer estranho, mas houve um tempo em que toda a cultura relacionada ao rock era vista como algo alienígena no Brasil. Daí a importância da geração dos anos 80 – consagrada nacionalmente em um evento (o primeiro Rock in Rio) que trazia, numa só vinda, mais artistas estrangeiros para o país em uma semana do que todos os grandes shows internacionais desde o início daquela década (Sinatra no Maracanã incluso). O festival inaugurou a era que parece encerrar agora, em que grandes artistas são capazes de arrastar multidões para estádios e reviver épocas passadas em palcos do terceiro mundo.
Se hoje rimos da décima oitava vez que o Deep Purple se apresenta em uma cidade do interior de Minas ou quando pela enésima turnê em que três ou quatro bandas australianas passeiam pelo litoral do sul brasileiro, um dia estes mesmos eventos já foram recebidos como acontecimentos históricos. De 1985 para cá, assistimos a shows de todos os principais artistas da história da música moderna –os titãs do pop, os fundadores do jazz, a nata do rock alternativo, os maiores nomes da música eletrônica, os pais do rock’n’roll, os criadores da black music, grandes bandas de heavy metal, hardcore, reggae e disco music. Esta história da música moderna foi revista enquanto vários artistas novatos puderam visitar o Brasil em seus primeiros passos e quando o circuito de shows internacional passou a ser pulverizado. Tudo bem, são menos que dez empresas que ainda trazem os grandes espetáculos internacionais para cá (juntando aos nossos shows favoritos apresentações de espetáculos da Broadway ou do Cirque de Soleil). Mas hoje já há uma segunda divisão considerável de empresários e agentes de shows que buscam shows que não necessariamente pertençam ao ambiente de negócios que se tornaram as vindas de artistas estrangeiros para cá. Assim, ano passado pudemos assistir tanto aos shows de Bob Dylan, Justice, Madonna e Kanye West quanto aos de Will Oldham, Vaselines, Young Gods, Black Lips e Yelle, que passaram pelo Brasil em apresentações bem menores – e em cidades que não são apenas o Rio de Janeiro e São Paulo.
Resta saber o que vai acontecer a partir de agora. Afinal, são 25 anos que nos colocaram no circuito de shows do mundo, que viram nossas estruturas para este tipo de evento crescer (embora ainda estejamos bem distantes do ideal) e artistas brasileiros entrarem neste mesmo mercado de shows – seja o Sepultura, o DJ Marlboro ou o Cansei de Ser Sexy. A vinda do Radiohead ao Brasil parece encerrar uma era de ineditismo de grandes shows por aqui e vem junto com o fim do Tim Festival, que viu em sua edição passada a última oportunidade de se cobrar separadamente ingressos para artistas que vêm num mesmo evento (paradigma redefinido pelo festival Planeta Terra e seguido à risca pelo Just a Fest). O próprio nome “Just a Fest” entrega a vala comum que este tipo de evento acabou se tornando: traga um grande artista, empurre mais outros dois, um brasileiro e eis um festival.
É hora de repensar esse formato. Ao mesmo tempo em que os grandes nomes da indústria do disco vão se reduzindo a um mero punhado de veteranos, o conceito de festival parece fadado a entupir palcos com dezenas de bandas que contam com duas ou três músicas legais e que são mal vistas por multidões desinteressadas. Talvez fosse hora de investir em um novo padrão, em novas experiências de contato com o público. Por que não há um festival grande destes só com artistas nacionais? Cadê o South by Southwest ou o CMJ brasileiro? Por que a Virada Cultural de São Paulo não pode se tornar tão importante quanto o festival de Roskilde, na Dinamarca? Onde estão nossos shows ao ar livre, as discotecagens que acontecem de dia, apresentações na rua, em teatros, em escolas?
Quando acabarem todos os grandes shows, quais você vai ver?
Eis o setlist do show do Radiohead em Buenos Aires, na noite deste 24 de março recente.
Radiohead Club Ciudad de Buenos Aires, Argentina March, 24, 2009
Setlist: 15 Step (In Rainbows) Airbag (Ok Computer) There There (Hail To The Thief) All I Need (In Rainbows) Kid A (Kid A) Karma Police (Ok Computer) Nude (In Rainbows) Werid Fishes/Arpeggi (In Rainbows) The National Anthem (Kid A) The Gloaming (Hail To The Thief) No Surprises (Ok Computer) Pyramid Song (Amnesiac) Street Spirit(Fade Out) (The Bends) Jigsaw Falling Into Place (In Rainbows) Idioteque (Kid A) Bodysnatchers (In Rainbows) How To Dissapear Completely (Kid A)
First Encore: Videotape (In Raibows) Paranoid Andriod (Ok Computer) House Of Cards (In Raibows) Reckoner (In Raibows) Planet Telex (The Bends)
Second Encore: Go Slowly (In Rainbows) 2+2=5 (Hail To The Thief) Everything In it’s The Right Place (Kid A)
Radiohead honra o mito em São Paulo [Por Marcelo Costa para o site Scream & Yell]
“Adivinha o que nós vamos tocar?”, diz Thom Yorke rindo com jeito de menino que está prestes a fazer uma traquinagem. O segundo show brasileiro da In Rainbows Tour caminha para 2h20 de duração e a banda está voltando animadíssima para o terceiro bis (!!!). Ele está de camiseta preta e é igualzinho às fotos que marcaram o imaginário popular durante os últimos 15 anos, um misto de nerd e gênio cujo dom maior (talvez mais do que compor) é ter uma voz tão lírica que poderia fazer um comediante chorar copiosamente no meio de uma piada. Até este momento, o show já tinha conquistado os corações das 30 mil pessoas. (...)
As 22h em ponto soltaram a base minimalista que antecipa a entrada do Radiohead no palco. Começaram com “15 Step” (como em mais de metade das 50 apresentações anteriores desta turnê) e emendaram logo com a batida tribal da matadora “There There” em versão chapante. Como previsto anteriormente aqui, a primeira parte do show variou músicas de “Ok Computer” (”Karma Police”), “Kid A” (”Optimistic” e a estupenda “National Anthem” com Jonny Greenwood sintonizando rádios paulistas na introdução), “Amnesiac” (”Pyramid Song”), “Hail To The Thief” (”The Gloaming”), b-sides (a excelente Talk Show Host”) e “In Rainbows” (”Nude”, “All I Need”, “Weird Fishes/Arpeggi”, “Faust Arp”).
Em comparação com os shows de Leuven e Berlim, a apresentação de São Paulo pulava à frente a da cidade belga e igualava-se em emoção ao show da capital alemã, que levou milhares de pessoas às lágrimas na dobradinha “No Surprises”/”My Iron Lung”. Porém, a capital paulista começou a tomar a dianteira com uma versão arrasadora de “Jigsaw Falling Into Place”, passou brilhando por “Idioteque” (costumamente um dos pontos altos do show) e caiu no colo da dobradinha “Climbing Up The Walls”/”Exit Music (For A Film)”, dois hinos secundários de “Ok Computer” cuja junção lírica fez encher os olhos. “Bodysnatchers”, a porrada de “In Rainbows”, fechou o show de forma digna.
A banda retornou para o (primeiro) bis com a baladaça “Videotape”, então os céus se abriram para “Paranoid Android”, um dos pontos altos de toda carreira do Radiohead. Ao final da canção, porém, o inusitado aconteceu. O público continuou fazendo a segunda voz (que na música é de Ed O’Brien) mesmo com a canção terminada, e Thom Yorke entrou no clima: pegou o violão e voltou a fazer a primeira voz entrelaçando-se com a platéia num daqueles momentos raros que valem uma vida. Emendou “Fake Plastic Trees” e todas as dúvidas se dissiparam antes mesmo do fim do primeiro bis: São Paulo estava assistindo à provável melhor apresentação do Radiohead nos últimos anos.
O primeiro bis seguiu-se emocional com “Lucky” e “Reckoner”, momento em que a banda deixou o palco para desespero da turma do gargarejo, que sozinha gritou por todo o público, meio que esperando o inevitável, que veio na forma de um segundo bis. “House of Cards” abriu o segundo encore seguida por “You and Whose Army” (em grande versão) e “Everything In Its Right Place” em versão electro (precedida por uma citação de “True Love Waits”). Acabou. Acabou? Não. É neste momento que a banda retorna para o terceiro bis e Thom, brincalhão, provoca a platéia. “Adivinha o que nós vamos tocar?”, ele diz ao microfone. Segundos depois, “Creep”. E ponto final. Uma apresentação digna da grandiosidade do mito.
Do ponto de vista de produção, o Just a Fest foi um dos eventos mais vergonhosos realizados em São Paulo nos últimos anos. Os relatos sobre problemas da organização da Plan Music foram postados aqui por diversos leitores, e quase estragaram a festa de milhares de fãs. Felizmente, do outro lado da moeda, o Radiohead cumpriu o esperado com uma apresentação arrebatadora. É preciso estar ciente, porém, que um bom show não salva um evento. Muita gente diz que passaria a mesma coisa para ver o Radiohead, o que mostra o quanto o público brasileiro é despreparado no quesito “direitos”: ele está pagando, mas mesmo assim aceita ser insultado. Não deve, e o Ministério Público pode ser acionado (como alguns fizeram) em caso de abuso por parte do realizador, pois a lembrança de um show tem que ser da arte feita no palco, e não da desorganização de um bando de incompetentes. Que o show do Radiohead fique na memória. O resto…
Radiohead para fãs – espera recompensada [Por Amauri Stamboroski Jr. para o portal G1]
Se você está lendo esta resenha, é o tipo de pessoa que, de algum modo, vai saber responder à pergunta: “onde você estava quando o Radiohead tocou no Brasil?”. As respostas podem ser inúmeras: “Viajei de Recife para ver os dois shows”, “só fui no Rio”, “vi pela TV”, “fiquei do lado de fora negociando com cambistas”, “eu trabalhei”, “fiquei com raiva do preço (ou do tamanho do público, ou da distância do local do show) e resolvi passar o domingo em casa”.
Provavelmente deve ter alguma história sobre como conheceu a banda: comprou o CD importado do álbum “The bends” ou a edição nacional de “Ok computer” após ler alguma resenha, baixou por curiosidade o primeiro pirata de “Kid a”, ou fez download gratuito (e legal) de “In rainbows”. E deve ter aguardado ansiosamente, desde então, o dia em que a banda tocaria ao vivo no Brasil.
Mas como diria o quinteto inglês em uma de suas próprias canções, “true love waits” (“o amor verdadeiro espera”). E o Radiohead se esforçou em cada momento de seu show para fazer a espera valer. Começando pelo repertório: no primeiro bis, o set list inicialmente incluía “Wolf at the door”, mas a música foi trocada para “Fake Plastic trees”, um dos maiores hits do grupo no país.
Foi uma apresentação para fãs fiéis, daqueles que conhecem todas as músicas de “In rainbows” (o álbum de 2007 foi tocado na íntegra) ou a letra do lado b “Talk show host”, da trilha sonora do filme “Romeo + Juliet”. Em retorno, a banda sorria, pulava, dançava, olhava feliz e perplexa (como deve fazer noite após noite) para a plateia.
O Radiohead não é uma banda comum, e eles demonstram isso até na hora de fazer o público participar do show. Além das tradicionais palminhas e mãos para cima, a banda grava a própria plateia cantando e depois toca a gravação de volta, gerando momentos emocionantes como em “Karma police” e especialmente “Paranoid android”, quando a música virou um dueto entre o público e o vocalista Thom Yorke.
Arriscando uns “obrigado” e “boa noitchi”, Yorke foi o mestre de cerimônias tímido que o som do Radiohead promete e precisa. Sorri, canta de olhos fechados, faz gestos para o público, dança desajeitadamente, fala pouco. Em um dos momentos mais estranhos e intensos do show, para em frente da câmera (uma das inúmeras espalhadas pelo palco, mistos de webcam com vídeo de segurança) instalada no piano, olhando fixamente enquanto canta “You and whose army” – vai se aproximando, e a lente parece que vai perfurar seu olho.
Desde “Kid a”, o Radiohead vem ensinando como se fazer rock sem usar guitarras – isso faz com que Ed O’Brian e Jonny Greenwood transformem-se em muilti-instrumentistas, tocando percussão, teclados, samplers e o que mais vier pela frente. Por outro lado, exploram o potencial das próprias guitarras – assim como Jimmy Page do Led Zeppelin, Greenwood chega a usar um arco de violino para tocar “Pyramid song”.
Além do telão mostrando as imagens das câmeras fixas apontadas para a banda, o palco também é adornado por uma série de colunas luminosas, que vão mudando de cor a cada nova música.
Mas o principal personagem do show foi o próprio público, reagindo entusiasmado o tempo todo a um som nem sempre convidativo ou “fácil”, pulando, acendendo isqueiros, pedindo músicas, dizendo que “o mundo pode acabar agora”, chorando, ficando no mais absoluto silêncio. Foi para aquelas duas horas e vinte minutos de show que cada uma das trinta mil pessoas esperaram por muito tempo (uns doze anos, outros nove, outros dois). E o pacto informal entre banda e plateia foi cumprido à risca: todos ali fizeram valer a pena, até o fim.
Radiohead Chácara do Jóquei, São Paulo, Brasil 22, Março, 2009
Set List:
1. “15 Step” 2. “There There” 3. “The National Anthem” 4. “All I Need” 5. “Pyramid Song” 6. “Karma Police” 7. “Nude” 8. “Weird Fishes/Arpeggi” 9. “The Gloaming” 10. “Talk Show Host” 11. “Optimistic” 12. “Faust Arp” 13. “Jigsaw Falling Into Place” 14. "Idioteque" 15. “Climbing Up The Walls” 16. “Exit Music (For A Film)” 17. “Bodysnatchers”
Edgard conversa com Thom Yorke e Ed O'Brien, do Radiohead
Avesso a entrevistas, Thom Yorke raramente é visto batendo papo com alguém na TV. Especialmente rindo em sorriso escancarado e despojado como nesta entrevista com Edgard.
Prefere recusar a postura de rockstar e o assédio da mídia, indo na contramão do culto às celebridades e deixando o vento o soprar a favor de coisas que realmente importam: equilíbrio, consciência ambiental e, fazendo jus à profissão, boa música, muito boa música.
É mais ou menos nessa linha que segue o papo dele e do guitarrista do Radiohead, Ed O´Brien, com Edgard. É a primeira vez que Thom Yorke dá uma entrevista na televisão brasileira. Sorte do Edgard, que esteve com os caras ao vivo, e sua, que vai poder conferir tudo aqui. Leia abaixo e deixe seu comentário sobre esse momento histórico, que é a primeira vez do Radiohead no Brasil.
Como tem sido essa 1ª turnê na América Latina? Algumas surpresas? Thom: "Surprises? Ed fala das surprises".
Ed: "Surpresa é estarmos aqui. Faz muito tempo que queremos vir e por algum motivo demorou muito pra gente estar aqui. É algo com que sonhamos fazer faz muito tempo. É incrível pra gente".
Setlist: músicas novas vs clássicos Thom: "Vamos com o que estamos sentindo. Não nos preocupamos muito com isso. Com um público grande, a maioria dos shows é grande. Não sei quantas mil pessoas. Vamos tocar algumas antigas, mas vamos tocar algumas do In Rainbows".
Ed: "Arppeg foi muito bem recebida, There There também. Começamos a turne no México e o CD nem foi lançado nas lojas lá. E todo mundo parecia saber, parece que a internet está cumprindo sua função".
Thom gosta de "Videotape" (do mais novo álbum, In Rainbows) Thom: "Eu gosto de Videotape porque foi muito difícil de fazer. Eles tiveram que me retirar do estúdio pra música acontecer, por isso eu gosto", brinca.
Sistema de luz econômico Thom: "Temos um cara chamado Andy Watson, que trabalha com a gente desde 1993. Ele é o nosso cara. Dessa vez pedimos para ele desenvolver um sistema de luz econômico. O sistema que você verá usa 30% da energia usada em luzes convencionais. Coincidiu com uma nova tecnologia".
No show, o Radiohead mixa músicas em português. Como isso acontece? Thom: "Durante National Anthem sempre usamos o radio aleatoriamente. Às vezes, nos EUA, sintonizamos uma música country terrível. Temos que aceitar. Meu Deus! Tarde demais! É o destino. O que estiver tocando no rádio. Sintonizamos quatro estações. O que estiver tocando entra".
Sala de meditação Thom: "Serve para esvaziar a mente de tudo que está acontecendo, para não levar essas coisas para o palco. É o oposto do que faz o Michael Stripe. Quando estávamos em turnê com o REM, ele não se preocupava em aquece a voz, nada. Eu tentei fazer isso e descobri que tinha que fazer o oposto".
Kraftwerk Ed: "Eles são monstros, sao muito importantes na história da música. Na primeira noite, na Cidade do México, a gente mal acreditava. Quando ouço 'The Model' parece que tenho 14 anos e estou na escola. Aqui estamos, muitos anos depois no mesmo palco. É um sonho".
Thom: "Saímos com eles uma noite dessas e ficamos conversando, sobre equipamento, e como gravaram discos, trocamos ideias sobre como funcionam nossos estúdios. É ótimo!".
Timidez / Assédio da mídia Thom: "Para mim, é um conflito quando estou numa praia no Rio e alguém tira uma foto minha. Com meu corpo branquelo horroroso! Fora isso, não me incomoda. Isso é difícil, acho complicado. Fico querendo sossego".
Veja o vídeo com a entrevista no site do Multishow.
Segundo grande show do Radiohead no Foro Sol, Cidade do México, DF, em 16 de março de 2009, dando sequência a turnê latino-americana. Imperdível!
Setlist: 1. Intro 2. 15 Step 3. There There 4. The National Anthem 5. All I Need 6. Kid A 7. Karma Police 8. Nude 9. Weird Fishes/Arpeggi 10. The Gloaming 11. Talk Show Host 12. Videotape 13. You And Whose Army 14. Jigsaw Falling Into Place 15. Idioteque 16. Climbing Up The Walls 17. Exit Music (For a Film) 18. Bodysnatchers 19. How To Disappear Completely 20. Paranoid Android 21. Dollars And Cents 22. The Bends 23. Everything In It's Right Place 24. Like Spinning Plates 25. Reckoner 26. Creep
Grande show do Radiohead no Foro Sol, México, DF, em 15 de março de 2009, há exatamente uma semana atrás, abrindo a turnê latino-americana. Imperdível!
Tracklist: 1. 15 Step 2. Airbag 3. There There 4. All I Need 5. Nude 6. Weird Fishes/Arpeggi 7. The Gloaming 8. National Anthem 9. Faust Arp 10. No Surprises 11. Jigsaw Falling Into Place 12. Lucky 13. Reckoner 14. Optimistic 15. Ideoteque 16. Fake Plastic Trees 17. Bodysnatchers Encore 1: 18. Videotape 19. Paranoid Android 20. House of Cards 21. My Iron Lung 22. Street Spirit (Fade Out) Encore 2: 23. Pyramid Song 24. Just 25. Everything in its Right Place
O Radiohead mostrou em seu primeiro show no Brasil, ontem, dia 20 de março de 2009, no Rio de Janeiro, um repertório bem parecido com os shows anteriores da turnê 2008/2009. No setlist, as dez músicas de “In Rainbows” (2007) foram mescladas a canções clássicas mais antigas de todos os seis álbuns anteriores.
Eis o setlist do primeiro show do Radiohead no Brasil:
1. “15 Step” 2. “Airbag” 3. “There There” 4. “All I Need” 5. “Karma Police” 6. “Nude” 7. “Weird Fishes/Arpeggi” 8. “The National Anthem” 9. “The Gloaming” 10. “Faust Arp” 11. “No Surprises” 12. “Jigsaw Falling Into Place” 13. “Idioteque” 14. “I Might Be Wrong” 15. “Street Spirit (Fade Out)” 16. “Bodysnatchers” 17. “How To Disappear Completely”
Bis 1:
18. “Videotape” 19. “Paranoid Android” 20. “House of Cards” 21. “Just” 22. “Everything In It’s Right Place”
Bis 2:
23. “You And Whose Army?” 24. “Reckoner” 25. “Creep”
Veja mais fotos do primeiro show do Radiohead no Brasil:
Precisa? Enfim, sendo eu um grande fã da banda (minha tatuagem não me deixa mentir) não precisaria de motivo algum a mais. Esse show é daqueles itens obrigatórios na vida de todo mundo que tem mais de 25 anos e escuta rock decente. Mesmo assim, resolvi enumerar alguns itens que (tentem) convencer aqueles que ainda não se sintam tentados pela banda de Thom Yorke e cia a ir até Rio de Janeiro (20 de março) ou São Paulo (22) ou pelo menos acompanhar à transmissão ao vivo pelo canal de TV por assinatura Multishow.
Esta é a maior e mais importante banda dos últimos vinte anos
Bom, só isso já valeria gastar seus parcos R$ 200 no ingresso. Mas só para situar, desde os Smiths não se via, lá fora, uma banda causar tamanha comoção e agrupar uma horda de seguidores – não se tratam de apenas fãs. Algumas conseguiram por pouco tempo como o Nirvana, que, por motivos óbvios, não foi muito além dos primeiros anos da década de 90. Além disso, eles conseguiram juntar coisas ditas impossíveis como a fúria do punk e a complexidade do rock progressivo.
Ok Computer
Foi a partir do lançamento deste disco, em 1997, que eles saíram do time das bandas ditas “normais” e assumiram um papel de vanguardistas no rock. É daqueles discos que fogem ao padrão “três ou quatro músicas boas” dos lançamentos dos últimos anos. Todas as faixas são significativas: trazem algo novo, original, em arranjos ousados, em uma mistura de rock com algo que a música eletrônica fazia na época (o título do disco é uma alusão à explosão techno daquela época). Figura fácil em qualquer lista dos melhores álbuns de rock de todos os tempos.
Poucas bandas sobreviveram tanto tempo lançando discos tão ousados e diferentes entre si.
Pois é. Depois de Ok Computer ficou no ar (inclusive entre a banda) aquele pensamento de “o que fazer agora?”. O perigo era se repetir e fracassar na tentativa de um “Ok Computer – Volume II”. Então, eles tocaram o foda-se e botaram na praça Kid A e Amnesiac. Um seguido do outro (com espaço de um ano entre eles, pouquíssimo usual hoje em dia) e experimentais até o talo. Tiraram o peso das costas e puderam planejar melhor os discos mais “rock”. Se é que se pode chamar o Radiohead APENAS de rock. Em tempo: Kid A é o álbum mais vendido da banda até hoje.
Johnny Greenwood
O multiinstrumentista dentuço por si só já é uma atração. Para quem gosta de experimentos com guitarras, pedais, teclados e outras parafernálias ele é um prato cheio. Se o Thom Yorke é a alma da banda, o compositor, Greenwood é quem faz a máquina andar. Torta, barulhenta, fora do tempo, mas anda. E muito.
A oportunidade de ver (e ouvir) clássicos do rock contemporâneo
Sabe aquele show que chega ao Brasil com 20 anos ou mais de atraso e no qual você canta “Satisfaction”, “Roxanne” ou “Smoke On The Water” ao lado do seu tio de 50 anos? Pois é, essa é a chance de conferir algumas das músicas mais importantes e emblemáticas de anos recentes como “Idioteque”, “No Surprises” e “Paranoid Android” (esta, uma das melhores de todos os tempos).
Kraftwerk como banda de abertura
Esqueça os Los Hermanos e a horda de fãs insuportáveis da (boa) banda dos barbudos. A coisa é chegar nem assim tão antes, mas o suficiente para ver os alemães do Kraftwerk. Da primeira vez que eles vieram, no Free Jazz de 1999, dividiram o palco com o Massive Attack. Ou seja, os caras costumam pintar por aqui com parceiros de primeiríssimo nível. Vai ser divertido ver (apesar de só restar um da formação original) os germânicos e suas experimentações eletrônicas. Muito do Radiohead vem do Kraftwerk. Logo, é bom reparar no que uma influenciou a outra.
O palco
Não espere algo megalômano tipo Kiss ou Michael Jackson. O Radiohead sabe combinar o som com imagens de uma forma inteligente e nada circense. Tudo muito bem feito, com elegância, feito pra atingir ainda mais quem está assistindo.
Quando eles voltarão?
É bom lembrar que a vinda do Radiohead já foi “prometida e descumprida” milhões de vezes, e se tornou até lenda – um famoso jornalista “cravou” várias vezes que eles viriam ano após ano em um extinto grande festival. Mas não se sabe se o raio vai cair mais vezes no mesmo lugar. Portanto, é melhor não arriscar.