The Bends, o melhor do Radiohead
[Por Renata Honorato do blog Game Girl para o site Scream & Yell]
Quando o “The Bends” foi lançado, em março de 1995 no Reino Unido e um mês depois nos Estados Unidos, esta escriba que vos fala tinha apenas 13 anos. Você vai pensar: “E quem essa pirralha pensa que é para dar voz àqueles que julgam ‘The Bends’ o melhor álbum do Radiohead?”. E então eu respondo humildemente: “Alguém que ainda sente um aperto no peito ao ouvir ‘Don’t leave me high. Don’t leave me dry’, como se o refrão, e seu agudo característico ‘à la Thom Yorke’, fosse um grito adolescente de um adulto que tem medo de crescer”.
Piegas? Não para o Radiohead em sua primeira obra realmente prima. Maduros, sem medo da popularidade que perseguiu “Creep”, no justo “Pablo Honey”, o quinteto britânico mostrou em seu segundo álbum toda a personalidade que mais tarde seria “marca registrada” do grupo.
Minha história com o “The Bends” aconteceu muitos anos após o seu lançamento, justamente durante uma tarde de sábado qualquer em que gastava minhas horas assistindo a um DVD do que considero um dos melhores programas de TV de todos os tempos: o Jools Holland. Em uma apresentação datada de 27 de maio de 1995, o Radiohead, que ainda carregava consigo uma postura de uma banda iniciante, cheia de paixão e excitação, e liderada por um Thom Yorke ainda loiro, tomava minha atenção tocando a música que, não à toa, dá nome ao disco. Jonny Greenwood fazia nascer de sua guitarra riffs ainda inéditos para mim, uma garota de 20 anos que ainda frequentava a Galeria do Rock na esperança de conseguir toda e qualquer parafernália do Descendents. Sua guitarra, uma das características mais pertinentes do álbum, trouxe-me a essência multilateral do rock’n'roll de um jeito novo, diferente do que tinha aprendido com punk e com o hardcore. Aconteceu. Simples assim.
Foi esse amor à primeira vista que, provavelmente, colaborou para que o meu PlayStation 2 não conseguisse mais adiantar o DVD do Jools Holland até a faixa “The Bends”. Na época, uma pobre estagiária no sentido mais literal da palavra, o videogame também fazia a vez de DVD player. E foi assim, entre trancos e barrancos, que consegui uma cópia do álbum.
O “The Bends”, por incrível que pareça, não foi o meu primeiro CD do Radiohead. O primeiro álbum da banda britânica que comprei foi o “I Might Be Wrong - Live Recordings”, que, evidentemente, não conquistou muito a minha simpatia. Eu ainda não sabia que o Radiohead é o tipo de banda que precisa ser degustada devagar, fase por fase, de cabeça aberta.
É difícil dizer qual a melhor faixa de “The Bends”. Ainda hoje o pessimismo de “Bullet Proof…I Wish I Was” e o final de sua primeira estrofe “everyday, every hour wish that I was bullet proof” mexem comigo. Claro que não dá para, simplesmente, ignorar a “Fake Plastics Tree”, principalmente depois que a DM9, de olho no bonde do sucesso onde o Radiohead tinha lugar reservado na janelinha, produziu o comercial cujo protagonista era o Carlinhos. Você lembra, certo? Okay, Carlos Manga Júnior, diretor do vídeo, merece os créditos; o trabalho ficou à altura da poesia cantada por Thom Yorke.
Os altos e baixos são características padrão do álbum. Se em “High and Dry” a súplica é por um “não me deixe mal, me deixe sozinho”, em “Just” o acorde limpo dá lugar a uma guitarra suja, agressiva, e a um refrão sem frescura (você fez isso para você mesmo, você fez, e isso é o que realmente dói). Foi nessa canção, e na guitarra de Greenwood, que comecei a perceber o grande potencial do Radiohead que, anos mais tarde, me levaria a uma busca incansável, através do Atlântico, às margens do Tâmisa.
Não é contraditório dizer que o “The Bends” foi o grande responsável em elevar o Radiohead ao patamar de “big band”. Bem produzido, consistente, maduro e sincero, o disco é um misto perfeito entre a jovialidade da banda tão presente em “Pablo Honey” e os pulsos fortes, ainda mais marcantes em “OK Computer”, lançado em 1997.
E se restava alguma dúvida quanto à qualidade incontestável do álbum, os três minutos de “Just” (a 12º música do show que vi em Londres), o coração acelerado e as lágrimas que ameaçavam cair naquele 24 de junho provaram o que lá dentro eu já sabia: “O ‘The Bends’ é e sempre será o melhor álbum do Radiohead”.
Radiohead
The Bends
(1995)
1. Planet Telex
2. The Bends
3. High And Dry
4. Fake Plastic Trees
5. Bones
6. (Nice Dream)
7. Just
8. My Iron Lung
9. Bullet Proof ... I Wish I Was
10. Black Star
11. Sulk
12. Street Spirit (Fade Out)
RADIOHEAD CD's & MP3's: BuscaPé • MercadoLivre • Amazon • Insound • 7digital
[Por Renata Honorato do blog Game Girl para o site Scream & Yell]
Quando o “The Bends” foi lançado, em março de 1995 no Reino Unido e um mês depois nos Estados Unidos, esta escriba que vos fala tinha apenas 13 anos. Você vai pensar: “E quem essa pirralha pensa que é para dar voz àqueles que julgam ‘The Bends’ o melhor álbum do Radiohead?”. E então eu respondo humildemente: “Alguém que ainda sente um aperto no peito ao ouvir ‘Don’t leave me high. Don’t leave me dry’, como se o refrão, e seu agudo característico ‘à la Thom Yorke’, fosse um grito adolescente de um adulto que tem medo de crescer”.
Piegas? Não para o Radiohead em sua primeira obra realmente prima. Maduros, sem medo da popularidade que perseguiu “Creep”, no justo “Pablo Honey”, o quinteto britânico mostrou em seu segundo álbum toda a personalidade que mais tarde seria “marca registrada” do grupo.
Minha história com o “The Bends” aconteceu muitos anos após o seu lançamento, justamente durante uma tarde de sábado qualquer em que gastava minhas horas assistindo a um DVD do que considero um dos melhores programas de TV de todos os tempos: o Jools Holland. Em uma apresentação datada de 27 de maio de 1995, o Radiohead, que ainda carregava consigo uma postura de uma banda iniciante, cheia de paixão e excitação, e liderada por um Thom Yorke ainda loiro, tomava minha atenção tocando a música que, não à toa, dá nome ao disco. Jonny Greenwood fazia nascer de sua guitarra riffs ainda inéditos para mim, uma garota de 20 anos que ainda frequentava a Galeria do Rock na esperança de conseguir toda e qualquer parafernália do Descendents. Sua guitarra, uma das características mais pertinentes do álbum, trouxe-me a essência multilateral do rock’n'roll de um jeito novo, diferente do que tinha aprendido com punk e com o hardcore. Aconteceu. Simples assim.
Foi esse amor à primeira vista que, provavelmente, colaborou para que o meu PlayStation 2 não conseguisse mais adiantar o DVD do Jools Holland até a faixa “The Bends”. Na época, uma pobre estagiária no sentido mais literal da palavra, o videogame também fazia a vez de DVD player. E foi assim, entre trancos e barrancos, que consegui uma cópia do álbum.
O “The Bends”, por incrível que pareça, não foi o meu primeiro CD do Radiohead. O primeiro álbum da banda britânica que comprei foi o “I Might Be Wrong - Live Recordings”, que, evidentemente, não conquistou muito a minha simpatia. Eu ainda não sabia que o Radiohead é o tipo de banda que precisa ser degustada devagar, fase por fase, de cabeça aberta.
É difícil dizer qual a melhor faixa de “The Bends”. Ainda hoje o pessimismo de “Bullet Proof…I Wish I Was” e o final de sua primeira estrofe “everyday, every hour wish that I was bullet proof” mexem comigo. Claro que não dá para, simplesmente, ignorar a “Fake Plastics Tree”, principalmente depois que a DM9, de olho no bonde do sucesso onde o Radiohead tinha lugar reservado na janelinha, produziu o comercial cujo protagonista era o Carlinhos. Você lembra, certo? Okay, Carlos Manga Júnior, diretor do vídeo, merece os créditos; o trabalho ficou à altura da poesia cantada por Thom Yorke.
Os altos e baixos são características padrão do álbum. Se em “High and Dry” a súplica é por um “não me deixe mal, me deixe sozinho”, em “Just” o acorde limpo dá lugar a uma guitarra suja, agressiva, e a um refrão sem frescura (você fez isso para você mesmo, você fez, e isso é o que realmente dói). Foi nessa canção, e na guitarra de Greenwood, que comecei a perceber o grande potencial do Radiohead que, anos mais tarde, me levaria a uma busca incansável, através do Atlântico, às margens do Tâmisa.
Não é contraditório dizer que o “The Bends” foi o grande responsável em elevar o Radiohead ao patamar de “big band”. Bem produzido, consistente, maduro e sincero, o disco é um misto perfeito entre a jovialidade da banda tão presente em “Pablo Honey” e os pulsos fortes, ainda mais marcantes em “OK Computer”, lançado em 1997.
E se restava alguma dúvida quanto à qualidade incontestável do álbum, os três minutos de “Just” (a 12º música do show que vi em Londres), o coração acelerado e as lágrimas que ameaçavam cair naquele 24 de junho provaram o que lá dentro eu já sabia: “O ‘The Bends’ é e sempre será o melhor álbum do Radiohead”.
Radiohead
The Bends
(1995)
1. Planet Telex
2. The Bends
3. High And Dry
4. Fake Plastic Trees
5. Bones
6. (Nice Dream)
7. Just
8. My Iron Lung
9. Bullet Proof ... I Wish I Was
10. Black Star
11. Sulk
12. Street Spirit (Fade Out)
RADIOHEAD CD's & MP3's: BuscaPé • MercadoLivre • Amazon • Insound • 7digital
Nenhum comentário:
Postar um comentário